Estava eu, novamente, a revirar minha caixinha de pandora...
É sempre assim, quando sinto que não consigo dar rumo a alguma coisa, eu tento voltar ao passado pra ver se existe algo que me faça compreender o presente.
E lá estava eu, a 4 anos atras, a escrever, a rascunhar meus sentimentos como agora. Sempre em busca de uma solução pra esse tempestade que sou eu.
Pego um esboço de mim que agora tento traduzir. Não é nenhuma língua estranha e nem tão difícil de entender. Rasgar palavras, tentar sumir, como o silêncio, tentar, tentar, tentar...
As vezes ainda grito socorro! Um eco surdo, mudo, sem respostas. O mesmo vazio de 4 anos, a mesma solidão passada...
Tento entender mais uma vez estes sentimentos que sempre estão tão presentes e tão passados em mim.
Canso de vomitar palavras sem signficado!
Solto agora um suspiro, um sorriso meio de lado... tenho lembranças boas também, nem tudo na minha vida foi tão amargo.
Me olho no espelho todo dia, num ritual sistemático, com a escova de dentes na mão e pasta verde deitada sobre as cerdas, iguais as lagartas. Tudo é feito de forma condicional. Enxugo a boca e ignoro, posteriormente, todos esses gestos.
Odeio pensar no futuro. Ele me deixa ansiosa. Gosto do objeto necessário aqui e agora. Daquele do qual dependo, por insignificante que seja. Quem e que não depende de uma escova de dente?
É, estritamente, um objeto de uso indispensável Consiste em si, adere a si. E assim convence o nosso cerébro manipulador sem barulho. chip! chip!
Que filosofia idiota de espelho que achei aqui em minha caixinha de pandora. De repente, minha vida passa em um novo espelho, em um novo lugar, mas a sessão de "vale a pena ver de novo" continua. Os olhos molhados querendo chorar, os sonhos alguns realizados outros ainda pra realizar. Emitando palavras, tentando digerir outras, entendo que escrever é traduzir meus sentimentos num papel.
Desde pequena, nos meus primeiros rabiscos, eu tenho como companheiro o lapis e o papel. Hoje tenho a internet, um computador, e tantas coisas que antes era tão absurdas. E, estou eu aqui traduzindo, ou tentanto mais uma vez gritar meus sentimentos que ainda são tão revoltos nesse vendaval.
Pior, amanha irei olhar no espelho, fazer os mesmos gestos repetitivos repetidos - isso porque é muito repetido mesmo - vou escovar os dentes, vou dar o meu primeiro sorriso, e vou dizer:
- Perdi o sentido, não sei com seguir adiante, o que fazer pra tentar ter você???
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