quinta-feira, setembro 14, 2006

AO AMIGOS.... velhos ou novos... mas amigos!


Estou aqui de novo, escrevendo pra ver se consigo tirar esse nó da minha gartanta...
Hoje pela manha me lembrei de quando era pequena. Lembro que meus pais eram fanáticos por livros. Eles me ensinaram a ter paixão pela leitura. Hoje eles me consomem o dia, o ar, a vida, são o meu trabalho.
Alias, pensava em ser escritora quando era pequena, mas minha mãe vivia dizendo que não. Meu pai dizia que sim, sempre me dando apoio. Sempre fui muito sozinha. Filha caçula. Ele tinha uma gráfica, então imaginava que seria fácil conseguir escrever algo e ele mesmo publicar. Mas acabei desistindo.
Engraçado os rumos que a vida nos leva. Depois de quase 20 anos alguns velhos amigos renascem das cinzas e vejo que fui feliz nos poucos e muitos bons momentos em que passamos juntos.
Cada um tomou um rumo na vida, cada um seguiu um caminho... Alguns casaram outros continuam solteiros, mas não sei se realizaram sonhos que imaginávamos para nosso futuro.
Passei por tantos lugares e fui deixando um pouco de mim em cada canto.
Ganhei amigos que nem mesmo a distancia conseguiu afastar. Ficamos longe, por um tempo, mas sinto que eles estão bem pertinho de meu coração.
Tenho ultimamente descoberto tanta coisa em mim que às vezes me surpreendo.
Sempre fui uma pessoa explosiva e como diz minha mãe de gênio difícil. Mas me tornei uma casca por auto defesa.
Sei que não sou um anjo de candura, mas tento fazer de mim o melhor para os outros e espero demais das Pessoas. Talvez seja ai que eu deva estar errada. Mas não sei, não consigo mudar.
Olha para as folhinhas do passado e prefiro não me arrepender de nada que fiz e sim do que não fiz e, com certeza, fiz mais para me arrepender do que não ter feito.
Uma vez me achei louca, vivia a imaginar o mundo com outros olhos... Agarrava-me a uma causa, a um trabalho e assim ia vivendo.
Sei que dentro de mim tem um EU CRIADOR.
Sim sou criativa demais e sei que isto assusta as pessoas que querem viver padrões auto estruturados.
Adoro escrever, desenhar, inventar, criar, artesanato, pintar e principalmente dar tudo de mim por aqueles que necessitam.
Não consigo imaginar minha vida sem estar rodeada de amigos, apesar de me achar um pouco isolado do que era no passado.
As vezes me questiono qual será o significado de amizade??
Será que a amizade se tornou um sentimento vazio?
No livro “Sem fraude, nem favor”, que li esporadicamente, o psicanalista Jurandir Freire Costa coloca brilhantemente que "Até agora, o amor era um ideal de auto-realização afetiva que ascenava para um tipo de felicidade no qual o êxtase da dissolução no outro era compatível com a consciência da individualização do desejo. Atualmente, o amor vem sendo desidealizado. Estamos, pouco a pouco, aceitando que a experiência amorosa é fugaz e seu destino é a provisoriedade".
ASSUSTADOR NÉ!!!
Hoje é fácil encontrar pessoas que dizem EU TE AMO, sem ao menos saber o que isso significa para o outro.
Podemos ver casais que mal se conhecem dizendo que se amam. Um dia, dois dias e pronto, lá vem a frase: eu te amo! Frase vazia, morna, fria como se dissesse “vou ver TV”. Não muito longe, vejo pessoas ao meu redor, que pregam exatamente isto, onde o amor deixou de ser puro momento de encanto para se tornar uma controvérsia. Quando é bom não dura, e quando dura já não entusiasma mais.
Será que a amizade virou uma coisa sem significado? Mais uma emoção que jogamos a um plano menor, que fazemos com que perca sua profundidade? Não bastava o amor já ter se tornado um sentimento banal, comum, simples, corriqueiro?
Não que o amor não possa acontecer em pouco tempo, ou que uma amizade não pode ser encontrada na internet. De forma alguma eu diria algo tão irresponsável, afinal o que estaria fazendo aqui se não acreditasse na globalização! Quero colocar que, hoje em dia, para muitos, tudo é amizade, tudo é amor.
Esses dois sentimentos são indissociáveis, na minha humilde opinião, porque acredito que amizade é uma forma de amor. Amor em um outro nível, mas é amor. Posso estar muito enganada, mas amigo não é alguém que você somente cumprimenta, alguém que você somente diz um "olá". É isso também, mas não é só isso. É mais do que isso.
Achei na internet algumas questões que me fizeram parar e pensar:
  • Quantas das pessoas que você conhece e diz serem seus (suas) amigos (as) te defenderiam quando alguém falasse alguma coisa sobre você?
  • Quantas você defenderia?
  • Quantas pessoas chegariam à sua casa e te trariam um alento (seja de qual forma for: financeiro, material, espiritual, sentimental) em um momento de dificuldade?
  • A quantas você levaria este alento?
  • Quantas pessoas viriam às lágrimas por serem obrigadas a perder o convívio com você?
  • Por quantas você choraria convulsivamente?

Sinceramente eu não sei responder.
Sei que tenho amigos. Amados de fato, que me dei e dou compulsivamente. Fernando Pessoa lamenta a falta de amigos e que isso traz uma fria e negra solidão. Deva ser por isso essa minha solidão e esse poço sem fundo que hoje estou sentindo estar.
O mais famoso dos poetas, Willian Shakespeare disse em um dos seus textos que você “aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo apesar de longas distâncias. E que o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitem escolher. Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam; percebe que seu melhor amigo e você podem fazer alguma coisa, ou nada, e ter bons momentos juntos”.
Concordo, esta coberto de razão. As vezes a gente precisa somente de uma mão que segure nosso coração nas maiores aflições!
Comecei esse texto falando do que eu era como criança, de quanto sozinha eu fui... e acabei percebendo que tive muitos amigos, alguns ainda fazem o meu circulo de amizade e, mais do que tudo, percebi que um amigo é importante para integridade do meu próprio EU e faz um bem para memória, afinal, é através deles que nos recordamos dos melhores ou dos piores momentos de nossas vidas.

Quero dedicar mais uma vez este texto aos meus amigos. Poucos em quantidade, muitos em qualidade. Um círculo pequeno de amigos , mas grandes em veracidade.

Nenhum comentário: